Foram 32 dias no Canadá, cinco províncias, 11 cidades visitadas, sete trechos a bordo dos trens da VIA Rail (um trecho no The Ocean – de Halifax a Montréal –; três trechos no The Corridor – de Montréal a Québec City; de Québec City a Montréal; de Montréal a Toronto –; e três trechos a bordo do The Canadian – de Toronto a Winnipeg; de Winnipeg a Jasper; de Jasper a Vancouver), muitas pessoas pelo caminho, muitas histórias, muita saudade, várias emoções e a certeza de que esse país merece todo nosso respeito e admiração.
Um dos grandes temores que eu tinha, antes de embarcar nessa viagem, era o de me deparar com uma realidade muito distinta da que eu tinha presenciado nas duas últimas vezes em que estive no país e me dar conta de que havia criado uma imagem deveras romantizada sobre o Canadá. Depois de mais de um mês imersa no cotidiano dessa nação, vivendo o dia a dia de 10 cidades diferentes (do extremo leste ao extremo oeste), cheguei à conclusão de que eu não havia idealizado o país, nem criado uma imagem distante da realidade (o que é muito comum quando você viaja e vive bons momentos em um lugar). Essa viagem, em vez de trazer uma faceta muito distinta sobre o Canadá, apenas reiterou todos os pontos que eu acreditava serem os mais fortes sobre o país: o Canadá é realmente uma nação segura; os canadenses são profundamente amigáveis e respeitam as diferenças, outras culturas e lutam arduamente pelos direitos humanos; os canadenses primam por qualidade de vida – trabalham dentro do horário e têm tempo para viver com a família e cuidarem de si –; as paisagens naturais, que cortam todo o território desta nação (que é imenso, por sinal), são realmente belíssimas – a ponto de me emocionar diversas vezes diante de tamanha grandiosidade –; o cuidado com a vida selvagem e a preservação da natureza são questões levadas a sério no país – não é discurso; é vivência –; há um cuidado e um movimento de resgate e respeito muito grande em relação às populações nativas (muito diferente no Brasil, em que os indígenas, dia após dia, são expulsos de suas terras, silenciados e sofrem para manterem vivas suas tradições e memória) e sim, o país é marcado por invernos rigorosos, mas há mais três estações no ano em que as pessoas podem aproveitar tudo o que o Canadá tem a oferecer e que o frio não é um problema, quando você usa o “hardware” certo.
Depois de reiterar todos os pontos que eu acreditava serem aqueles que mais me chamaram a atenção nos meus dois contatos anteriores com o país, tive a oportunidade ainda de atravessar o Canadá de costa a costa (de Halifax a Vancouver, do extremo leste ao extremo oeste) de uma forma completamente diferente da que comumente eu tenho feito: de trem. Até então, só havia feito grandes viagens de avião, carro e ônibus e o meu contato com os trens se resumia a uma viagem de Paris a Montpellier e a algumas pequenas incursões por São Paulo. Tudo, então, foi uma grande novidade, tanto para mim, quanto para o Erik.
Foram exatamente sete trechos de trem operados pela VIA Rail, partindo de Halifax e tendo como destino final Vancouver. De Halifax a Montréal, nosso trajeto inteiro se deu através do The Ocean. Entre Montréal e Toronto, fizemos deslocamentos menores a bordo do The Corridor e, por fim, de Toronto a Vancouver, fizemos nossa viagem a bordo do The Canadian – a metade, sem dúvidas, mais emocionante da viagem, principalmente no que diz respeito às paisagens. Se na primeira porção de nossa jornada já nos encantamos com as pradarias e as árvores à beira dos trilhos, que mudavam de cor por causa do outono, imagine então o que foi viajar de Manitoba a British Columbia, passando por Alberta, onde as paisagens são marcadas por rios, lagos de vários tons de azul e verde, montanhas e animais?
Apesar de muitos viajantes seguirem direto de Toronto a Vancouver e não fazerem paradas em algumas cidades para esperar um novo trem e assim terem tempo de explorar um pouco os destinos contemplados pelos trilhos, ainda assim a viagem de trem proporciona uma experiência muito distinta às viagens de carro ou de ônibus e, sobretudo, às viagens de avião. Além de Erik e eu termos tido, desta vez, as mesmas oportunidades de apreciarmos as paisagens durante os deslocamentos (algo completamente impossível para o Erik, por exemplo, visto que ele sempre dirige quando viajamos de carro e eu não sei fotografar decentemente, o que compromete nosso trabalho às vezes), viajar sobre trilhos nos trouxe também outras experiências que não temos a oportunidade de vivenciar em outros meios, como maiores oportunidades de socialização (conhecemos pessoas de várias partes do Canadá, dos Estados Unidos e de outros países); mais tempo para descansar, ler, jogar e conversar; mais espaço para se locomover e ainda poder dormir e se alimentar decentemente (quem viaja nos Sleep Cars – que contam com várias opções de cabines, das mais simples às mais confortáveis – consegue dormir tranquilamente, por exemplo).
O viés da maior oportunidade de socialização é, certamente, o mais atraente e faz a experiência de viagem se tornar ainda mais rica. Pelo espaço ser restrito, obviamente, dividimos as mesas no café da manhã, almoço e jantar com outras pessoas, assim como os espaços de convivência, como salas de descanso e domo e, em vez de nos sentirmos retraídos pela presença de desconhecidos (como muitos se sentem e isso é completamente normal), acolhemos todas as chances de aprender com o outro, de trocar experiências, de conhecer um pouco mais de culturas distintas da nossa e foi interessante ver também como encontramos pessoas igualmente apaixonadas pelo Canadá (assim como nós), o que mostra que o país é realmente admirado por aqueles que se deixam envolver por tudo que esta nação tem a oferecer.
Além de ser um país completamente acolhedor e defensor dos direitos humanos – o Canadá figura entre as nações mais multiculturais do mundo, abriga diversas etnias e também luta pela garantia dos direitos das mulheres e de casais homoafetivos –, viajar de trem por suas terras não poderia ser uma experiência mais alinhada com a filosofia desse país tão profundamente humano e multifacetado: tenha tempo para viver; tenha tempo para as pessoas; tenha tempo para aprender; conviva e respeite os outros e sinta-se verdadeiramente livre. Desta forma, tomo de empréstimo o lema da VIA Rail mais uma vez – A more human way to travel –, para convidar a todos os nossos leitores a acompanharem nossa viagem (agora através do blog) e entenderem porque somos tão profundamente apaixonados por este país. Atravessar o Canadá nos trens da VIA Rail, que nos apresentaram “uma forma mais humana de viajar”, não só foi uma experiência distinta de todas as que vivenciamos até então, como nos aproximou ainda mais do cerne da cultura canadense, que valoriza as relações humanas, a qualidade do nosso tempo gasto e o orgulho pela terra.
Aguardem nossas próximas postagens! Vem muita coisa por aí! 😉
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Como voces conseguem patricionio para viajar?
Muito bacana, seu post ilustra a visão que eu tenho do Canadá, país que eu não conheço mas que está na minha lista. Parece ter sido uma experiência muito interessante esta viagem de trem, então estou aguardando os próximos posts para acompanhar.
Abraços,
Helder
Helder,
como pontuei no texto, eu tinha um certo temor de ter criado um Canadá ilusório em minha cabeça; um Canadá romantizado, idealizado, somente porque tive duas experiências muito positivas antes de embarcar nessa viagem.
No entanto, nessa viagem, não só consegui reiterar toda a imagem que tinha sobre esse país, como criei novas lembranças positivas e mais vontade de me aprofundar ainda mais nessa terra. Sou verdadeiramente apaixonada por esse país. =)
Um grande abraço,
Jana.
Estou planejando viajar para o Canadá em junho do próximo ano e fiquei interessada em fazer a viagem de Toronto a Vancouver de trem. É difícil? É desconfortável? Posso fazer as paradas que eu quiser? Levando em conta que levarei minha mãe nesta viagem?
Bjs,
Juliana.
Oi, Juliana! Tudo bem?
Juliana, em junho sua viagem certamente será muito tranquila, porque é verão e os trens estarão em pleno funcionamento,ou seja, você escolheu uma estação interessante para viajar. =)
Viajar de trem é muito simples, desde a compra das passagens (que podem ser feitas diretamente na estação de trem – em Toronto, é só se dirigir à Union Station – ou, para garantir, fazer as reservas diretamente no site da Via Rail e efetuar as reservas exatamente como você faria no caso de uma viagem de avião). Site da Via Rail: http://www.viarail.ca/
Se você vai viajar com sua mãe, sugiro então reservar um Sleep Car (há várias opções de cabine e as refeições são inclusas nessa categoria). É confortável! Não se preocupe! Vimos muitos viajantes da terceira idade por lá, que curtiram bastante a viagem e sem apertos!
Você pode escolher onde parar, mas terá que passar pelo menos dois ou três dias na cidade esperando o próximo trem. Particularmente, eu acredito que não seja tanto tempo para aguardar a chegada da próxima unidade e você consegue visitar as cidades que escolher com calma. Não deixe de visitar Jasper e Banff! =DDDD
Qualquer dúvida, estamos por aqui!
Jana.
Oi! Sou louca para conhecer o canada! Principalmente jasper e banff! Acho as paisagens lindas pelas fotos! Na sua opinião, qual a melhor época para ir? Verão? Outono? Inverno? Estou ansiosa pelos próximos posts! Abs
Oi, Lídia! Tudo bem?
Lídia, os Parques Nacionais de Jasper e Banff são lindíssimos: os lagos, as montanhas, rios e glaciares valem muito (MUITO) a pena!
A melhor época do ano para ver animais é no verão, mas é possível também avistá-los na primavera e no outono (cruzamos o Canadá no outono e conseguimos ainda ver muitos animais, mesmo com a proximidade do inverno).
Se quer conhecer o Canadá no inverno, é uma experiência também muito bacana (estive lá no ano passado em dezembro e foi igualmente agradável). =)
Um grande abraço,
Jana. =DDDDD
Que viagem incrível deve ter sido essa!
Adorei o relato que vcs fizeram sobre a viagem no The Ocean, não imaginava que poderia ser tão agradável fazer uma viagem longa de trem.
Gostaria mto de ler relatos de vcs sobre os trechos feitos nos outros trens também 😉
Confesso que o Canadá não está entre os 1ºs países na minha lista de lugares à conhecer, mas depois desse belo relato e dessas fotos maravilhosas, ele subiu um pouquinho de posição, rs.
Oi, Mariana! Tudo bem com você? =D
Mari, um dos pontos interessantes sobre o Canadá é: o país ainda não é um destino mainstream, ou seja, ainda paira sobre ele uma grande curiosidade por não ser um destino tão visitado como Paris, Orlando, Miami e Nova York, por exemplo. No entanto, um dos pontos que mais me arrebataram com relação a este país é a pluralidade de experiências que você consegue viver lá. Cruzando o Canadá, tivemos contato com cidades cosmopolitas como Toronto, Vancouver e Montréal e ao mesmo tempo com a natureza em estado bruto de Jasper, Banff e Lake Louise. Foi uma experiência plural e o melhor… Os canadenses são bastante amigáveis, o que facilita bastante as experiências. =)
Foi o nosso terceiro ano consecutivo no país e ainda pretendo voltar outras vezes para conhecer o que ainda não deu para conhecer!
Um grande abraço!
Jana.
Post muito legal Janaina! Estive no Canadá no ano passado e foi a expeiência mais fascinante da minha vida. Durante o meu intercâmbio em Vancouver, eu aprendi bastante inglês, curti minhas férias conhecendo também outras cidades importantes do Canadá como Montreal, Toronto e Ottawa. Adorei a minha viagem. Eu fiz o meu curso na (removido), uma escola de idiomas no centro da cidade que oferecia também a hospedagem, alimentação e atividades de lazer, assim me hospedei bem pertinho da escola. Valeu a pena a minha viagem e tenho muitas saudades. (Link removido)
Olá, adorei a sua matéria. Nunca viajei para outro país então não tenho ideia de preços e tals, não querendo ser indiscreta, quando custa a passagem para esse trem? Desde já agradeço.
[…] atravessar o Canadá de trem da costa leste a oeste, de Vancouver a Halifax? Durante nossa viagem de 32 dias pelo Canadá, utilizamos, durante a travessia pelo país, apenas trens da companhia Via Rail para o nosso […]
[…] atravessar o Canadá de trem da costa leste a oeste, de Vancouver a Halifax? Durante nossa viagem de 32 dias pelo Canadá, utilizamos, durante a travessia pelo país, apenas trens da companhia Via Rail para o nosso […]
Estou indo para o Canadá em Setembro e estou muito animada seguindo todas as dicas de vcs!!!Parabéns!!!
Será uma ótima época! Dependendo de onde for já pegará as cores de outono 😀
Ficarei 20 dias, de 06 a 26 na ordem: Montreal, Vancouver(passando em Wistler e Victória), Jasper, Banff, Calgary e Edmonton.
Animada e ansiosa,,,rs
Viagem deliciosa! A trupe ainda não visitou Calgary e Victória! 😀 Todas as outras cidades já visitadas! Com certeza terá muuuuito a fazer 😀
Olá Erik e Janaína,
Vamos para o canadá em setembro próximo e as dicas de vcs tem sido mto úteis.
Nosso roteiro começa em Chicago (US) e depois voamos para Toronto.
De Toronto a Montreal estamos pensando em ir de trem para ver a paisagem.
Consultei o site da Via Rail e há algumas restrições de bagagem e algumas diferenças de classes.
Também há no site um alerta sobre a estação central de Toronto estar em obras.
De Montreal iremos a Quebec e estamos na dúvida entre alugar um carro ou ir de trem pensando justamente na questão de tamanho e peso de malas…
Enfim, gostaria de uma orientação sobre bagagens e se vale mesmo a pena ir de trem.
Agradeço a atenção e parabenizo pelo site. As dicas são muito boas..
Eliana
[…] – Confira viagem do pessoal do Jeguiando, cruzando o Canadá de trem […]