Chegamos em Ponto Chique, Minas Gerais, com o barco do Cinema no Rio São Francisco, trazendo curiosidade aos habitantes, que chegavam aos poucos às margens do Velho Chico para nos ver – a mesma curiosidade que acompanhava a cidade quando o Benjamim Guimarães, um dos últimos barcos a vapor do mundo em funcionamento, passava diante de Ponto Chique e seguia seu caminho rumo à Pirapora.
Cada vez que nos embrenhávamos pelo Velho Chico rumo a um novo destino, a impressão que eu tinha era a de que as cidades íam ficando cada vez menores. Menores e mais desertas. Ponto Chique é pequena e não chega a reunir mais do que cinco mil habitantes e sua história está alinhavada à de um antigo povoado – o de Pacaratu de Seis Dedos, que vivia a lutar com as cheias e a devastação trazida pelas águas do São Francisco. Sobrevivendo basicamente da agricultura, todos os anos a colheita (ou parte dela) se perdia com a fúria do Velho Chico. Com as sucessivas cheias, o povoado foi se fragmentando, a ponto de quase desaparecer. Os poucos que restaram e lutaram pela terra ainda assim se dividiram, o que acabou por influenciar no surgimento de dois novos povoados – o de Ponto Chique e o de Cachoeira do Manteiga.
Do povoado de Pacaratu de Seis Dedos restaram poucos, mas uma das suas mais importantes manifestações culturais – o batuque – atravessou o tempo e ainda se mantém viva. Poderoso e contagiante, o Batuque de Pacaratu de Seis Dedos abriu a noite do Cinema no Rio São Francisco e fez muitos dos que ali estavam dançar, inclusive a equipe do barco. O grupo já foi à Brasília, já se apresentou ao ex-presidente Lula, mas, infelizmente, não recebe até hoje nenhum incentivo para ganhar o Brasil e ser alinhavado à nossa história, o que me faz respeitar ainda mais o projeto Cinema no Rio, por dar voz aos habitantes de pequenos povoados, que guardam em seu seio manifestações culturais valiosas, que precisam ser conhecidas e, sobretudo, reconhecidas.
- O que fazer em Ponto Chique, MG
Ponto Chique, como citei anteriormente, é pequena e, de certa forma, bastante deserta. Se estiver de passagem pela cidade, não deixe de conhecer a Praça de Santana – o ponto de encontro do lugarejo, onde acontece grande parte dos eventos e onde é montada uma pequena feirinha – e a Igreja de Santana, que guarda em seu interior a imagem da padroeira da cidade. Se quiser se refrescar, sugiro tomar um Mate Couro – refrigerante parecido com Tubaína e que leva erva mate em sua composição. É só escolher um boteco e provar a bebida, comercializada apenas em Minas Gerais. O Mate Couro é tipo o guaraná Jesus do Maranhão – você só encontrará por lá!
Quer conhecer um pouco mais sobre Ponto Chique? Então assista ao vídeo-documentário produzido pela equipe do Cinema no Rio São Francisco.
Acompanhe nossa série de posts sobre a expedição Cinema no Rio São Francisco, acessando http://jeguiando.com/cinema-no-rio-sao-francisco-expedicao/ e para visitar o site do projeto acesse Cinema no Rio São Francisco.
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[…] deixou de existir, mas os antigos habitantes que restaram fundaram dois novos povoados: o de Ponto Chique e o de Cachoeira do Manteiga. Sol a pino, cidade deserta. Imagem: Janaína Calaça Velhas cercas de […]