Engana-se aquele que acredita que viajar é só se deslocar de um lado a outro, mirar paisagens, fazer fotos e comprar souvenirs. Viajar pode ser só isso, mas muito se perde quando não prestamos atenção a uma das maiores riquezas que um destino pode oferecer: as pessoas que ali vivem, tecendo suas histórias, alinhavando os anos, realizando sonhos e marcando seus rituais de passagem. Criada entre livros, viajar me afinou o interesse pelas histórias e sobretudo pelas pessoas, que eram personagens ou narradores dos relatos que ouvi enquanto me deslocava entre um destino e outro. Em cada lugar por onde passei, apertei muitas mãos, ouvi muitos relatos e conheci muita gente – umas permanecem até hoje em minha vida, outras permaneceram o tempo suficiente para fazerem parte de minhas memórias.
Em nossa recente passagem por Tiradentes, não só conhecemos muitas pessoas, como também tivemos a oportunidade de ouvir histórias interessantes. Uma delas é sobre a Casa do Sino, mantida pelo casal Ana e Paulo. Ana deixou para trás a correria da vida em São Paulo e uma longa carreira na área de Tecnologia da Informação para viver em Tiradentes, longe da correria da capital paulista; Paulo é ourives e nutre um grande amor por antiguidades – peças que carregam em suas reentrâncias as histórias dos antigos donos e que, ao voltarem para as prateleiras das lojas, ficam prontas novamente para ganhar outros significados na vida de outras pessoas.
>>Casa do Sino – Café, brigaderia e antiquário em Tiradentes, MG
- O Café e a Brigaderia
Localizado no Largo da Rodoviária, em Tiradentes, a acolhedora Casa do Sino é hoje a interseção de dois mundos e de duas pessoas e tem todo o potencial de tornar-se um ponto de encontro na cidade ou um atrativo para quem vem de fora. Pequeno e charmoso, o casarão tornou-se, aos poucos, a síntese dos quereres de Ana e Paulo: em um cantinho colorido da casa, funciona um café e uma brigaderia; na outra porção do casarão, encontramos a mesa de trabalho de Paulo, onde o ourives confecciona joias e semi-joias; um pequeno espaço para a exposição das peças; e, por fim, o antiquário, onde peças e histórias aguardam novos donos e novos significados para continuarem suas trajetórias. Vários atrativos reunidos e muitos sonhos condensados em um lugar apenas.
Apesar do projeto inicial do casal ter sido o de criar um antiquário e um espaço para expor as joias produzidas por Paulo, a iniciativa de abrir um café e uma brigaderia veio quase que instantaneamente na bagagem.
O café é uma pausa, um momento de suspensão entre as tarefas do dia, uma boa desculpa para conversar e trocar histórias. O brigadeiro é um doce típico brasileiro e agrada a muitos. O antiquário, a poucos passos, já traz em si um mote para conversas. Casamento perfeito, não?
Visando tornar a experiência de uma parada para um café, após uma caminhada entre as peças expostas no antiquário, ainda mais especial e acolhedora, Ana e Paulo não só investiram em bons grãos mineiros, como também no ritual ao servir seus clientes. Os cafés, tanto o expresso, como o coado, são servidos em xícaras antigas e os doces (brigadeiros e bolos) ou os salgados são servidos em pratinhos igualmente antigos, ornados por pequeninas toalhinhas de crochê.
Dica: Se você quiser vivenciar uma experiência ainda mais especial, peça o café coado na mesa e um brigadeiro como acompanhamento. O ritual, em si, já é um charme e o brigadeiro, enrolado na hora e feito à base de chocolate belga, vale muito a pena! =)
Um outro ponto que me tornou fã da Casa do Sino foi o fato do local trabalhar com a ação do Café Pendurado. Em várias cidades do mundo, o ato de deixar cafés pagos para outras pessoas (principalmente para quem não tem dinheiro para pagar a bebida) está ganhando adeptos por ser um gesto simples de solidariedade. Em cidades de clima frio, principalmente, o café pendurado ajuda a muitos moradores de rua a terem algo para se esquentar nos dias mais gelados.
Ana, a proprietária do café, disse que ficou surpresa em ver que a população abraçou a ideia e que não é raro ver cafés pagos sendo deixados para quem passe por lá. Apesar de muitos desconfiarem no Brasil que uma ação como esta possa funcionar, o café pendurado tem adeptos na Casa do Sino e tem aquecido muita gente que passa por lá. =D
- O antiquário e a arte em joias
A poucos passos do café e da brigaderia, chegamos ao cantinho do Paulo: o antiquário e o espaço de produção das joias da Casa do Sino. Diante da janela, que dá para a cidade e para os passantes, Paulo trabalha diariamente transformando metais e pedras em adornos. Assim como o café, o ourives prefere trabalhar com as gemas extraídas em Minas Gerais, para valorizar o produto local, e desenvolve peças que são moldadas ao formato das pedras, respeitando seus contornos.
A profissão de ourives Paulo herdou da família, assim como a paixão pelas antiguidades. Para ele, o mais fascinante em trabalhar com peças antigas é imaginar quantas histórias passaram em torno daqueles objetos, assim como presenciar a reação das pessoas diante de itens, que, de alguma forma, estiveram relacionados às suas histórias. Certa vez, conta Paulo, um cliente passou um bom tempo percorrendo com os olhos as paredes e superfícies da loja. Ao final da visita, apesar de não ter adquirido nada, agradeceu ao casal pela experiência que teve em relembrar de sua infância ao lado da família, através da observação de muitos daqueles objetos expostos na casa. Proporcionar este tipo de experiência às pessoas também faz parte da rotina de um antiquário. Extrapolando o conceito do negócio, as antiguidades fazem parte da memória. Uma parte palpável da memória.
Encantadora e profundamente acolhedora, a Casa do Sino é, como citei no início do post, um encontro de mundos, que convivem em um mesmo espaço em perfeita sintonia. A vivência do agora, através da degustação prazerosa dos cafés gourmets e dos brigadeiros, e a vivência do passado, através da observação e do ato de levar uma antiguidade para casa, remetendo ao passado e, ao mesmo, o reinventando, convivem no mesmo espaço no casarão.
Dentre as muitas simbologias relacionadas à imagem do sino, dizem que o objeto carrega em si uma harmonia cósmica; a marcação do tempo e a infinitude. Na Casa do Sino, o presente e o passado convivem harmonicamente, se reinventam e atravessam um o espaço do outro: seja através do aroma do café coado, que atravessa o espaço do antiquário, perfumando as peças cheias de histórias; seja através da xícara antiga resgatada, onde o café é servido, trazendo para o presente um objeto que atravessou o tempo. O certo é que, entre as paredes do casarão, o tempo é marcado de forma singular, coroado pela imagem forte do sino, a reger a entrada daquela casa mineira.
- Outras informações:
– Endereço: Largo da Rodoviária, 39. Centro Histórico. Tiradentes, MG.
– Tel.: (32) 3355-1481; 8820-0294.
Agradecimentos:
À Asset – Associação Empresarial de Tiradentes, pelo convite para palestrar em Tiradentes e pela confiança em nosso trabalho; a Alan Gandra, pela receptividade e por nos hospedar na Pousada do Ó; a Ana e Paulo pelo dedo de prosa e pelo café.
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Muito legal o trabalho desse casal que só veio somar bom gosto pra cidade de Tiradentes.
beijo aline
Delícia de café! Parabéns Ana e Paulo! Que ótima matéria, adorei o texto e as fotos, beijos para os fofinhos, Janaína e Érik.
Parabéns meu caros Ana e Paulo! Felicidades!!
Abs
Que bacana. Parabéns Ana e Paulo
Boa
Oi, preciso falar com vcs, qual numero de tel em SP?
Abraço,
Flavio
Etive em seu café esta mês e ,além de um delicioso cafezinho ,ganhei uma aula sobre como beber um inigualavel café.Obrigado pelo bom atendimento e com certeza , voltando eu em Tiradentes , não dexarei de ir ter com vcs.Por favor como faço para que vcs me mandem estes cafés deliciosos, sei que tem 4 ou 5 tipos de café. Gostaria de ter todos os tipos, é um melhor que o outro.Aquardo retorno.