Ultimamente, tenho acompanhado a série Acumuladores, veiculada pela Discovery Home & Health, e, todas as vezes que assisto a um novo episódio, me pergunto sobre as diversas nuances que permeiam este transtorno ou sintoma de um transtorno maior (como o TOC, por exemplo) – a acumulação compulsiva -, que não só afeta a sociedade norte-americana, como nos afeta também. Este não é o único programa veiculado na tv fechada que trata do assunto. Cada coisa em seu lugar, apesar de ter uma atmosfera mais leve, também aborda o comportamento compulsivo, que afeta indivíduos e suas famílias, suas relações pessoais e com o restante do mundo.
As razões para recolher ou adquirir coisas são múltiplas: suprir carências, sentir segurança, preencher o vazio existencial. Ainda não se sabe se a cultura consumista, em que estamos imersos, também faz parte do processo, mas o certo é que somos bombardeados, todo o tempo, para adquirir novos lançamentos em termos de tecnologia, moda etc. A impressão que tenho é que sempre estamos obsoletos. Vemos as pessoas trocarem freneticamente os celulares diante das novidades lançadas no mercado; adquirirem uma TV mais moderna; encherem os armários de lançamentos para estarem sempre na moda. O indíviduo possui a necessidade de se sentir parte de algo e, hoje, estamos diante de um quadro em que, para ser parte de um grupo, é preciso usar o celular que todos usam, comprar todos os lançamentos da Apple, vestir o que todos vestem, ler o que todos leem, levando a todos à massificação e ao acúmulo de tranqueiras, que, num piscar de olhos, já estão passados, obsoletos, sem utilidade. O primeiro grande boom que a sociedade viveu aconteceu na Revolução Industrial, o que instaurou um caos interno. A velocidade em que o mundo mudava era difícil de acompanhar. E agora então? Cá estamos nós, novamente, varados por uma ansiedade doentia, que nos impele, todos os dias, a consumir e acumular, consequentemente, em detrimento de uma transitória sensação de euforia e de quietude. Mas os ciclos sempre recomeçam.
Diante deste quadro, em que as pessoas se matam de trabalhar para adquirir e acumular objetos e bens, eu, assim como muita gente, também tento nadar de braçadas no fluxo contrário deste rio de águas revoltas. Em vez de acumular objetos, todos os dias tento recolher experiências e viajar, para mim, é um dos maiores investimentos que alguém pode fazer para si mesmo. É importante estruturar a vida, mas é importante, também, se enriquecer culturalmente e em termos de experiências. Os objetos um dia perdem sua utilidade, ficam passados, velhos e rotos. A experiência fica e você ainda a transfere para o outro. Hoje, diante de um quadro em que pessoas estão adoecendo rodeadas de coisas, eu penso no prazer saudável que é se dar a oportunidade de conhecer um lugar novo, conhecer novas culturas, experimentar novos sabores. Os objetos têm vida útil, a experiência não. A experiência você partilha, se perpetua, e, no dia que seu tempo acabar por aqui, alguém ainda contará um “causo” que você viveu para outro, sempre despertando o desejo, sim, de abraçar o mundo, mas não de se afogar em um mundo de coisas. Diante disso, lanço a pergunta. O que vale? Acompanhar o fluxo consumista, que nos força a sempre querer adquirir coisas novas ou reinventar a vida através da oportunidade de sempre estar diante de novas experiências?
Fonte de Imagem: http://televisao.uol.com.br/album/acumuladores_album.jhtm#fotoNav=1
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Que máximo esse post, Jana!
Concordo plenamente contigo!!!
Com essa frase você falou tudo: “Os objetos têm vida útil, a experiência não.”
A cada dia mais fã seu! =D
Beijos.
Essa frase resume tudo:
“É importante estruturar a vida, mas é importante, também, se enriquecer culturalmente e em termos de experiências.”
Adore, Jana! Parabéns! 🙂
Jana, você tem toda a razão. Riqueza não está somente em bens materiais, mas também em uma viagem, em um lugar maravilhoso que você visitou e ficará pra sempre na memória. Isso dinheiro nenhum no mundo compra!