Dia 13/11, acontecerá em São Paulo o Café com Blogueiros, iniciativa que buscou “reunir Blogueiros, Leitores, profissionais de Social Media, SEO, SEM, Marketing Digital, e pessoas interessadas nesses assuntos, para contribuir com o crescimento do uso de blogs no Brasil, fortalecer a comunidade blogueira e compartilhar ideias, informações e experiências”.

Em 2008, o Jeguiando participou de um evento parecido, o Blog Camp, e foi uma experiência bacana. Na época, o blog ainda não tinha completado nem um ano de existência e tivemos a oportunidade não só de conhecer outros blogueiros de viagem, como a Lucia Malla e o casal Maly, do Vida de Viajante, como outros idealizadores de blogs.

Ao todo, já trabalho com a ferramenta desde 2005, quando comecei a me envolver com este universo no extinto Selva, onde publiquei contos e poemas durante quase 3 anos. O Selva era um hub cultural, que reunia blogs diversos que englobavam temas como literatura, crítica literária, grafite, teatro, etc. Lá eu mantinha o Casa de Burlesco, blog pessoal onde publicava poemas e crônicas, e escrevia contos aos domingos para o Brutti. Era responsável também pelo Civilizados, onde divulgava textos literários de vários autores estreantes e outros já veteranos.

Mantive durante 2 anos o Mini Size Us, sobre reeducação alimentar e nutrição e hoje dedico-me inteiramente ao Jeguiando. Meu xodó, meu trabalho e meu hobby (também). É interessante ver como os blogs foram se reconfigurando ao longo dos anos. O que começou como um diário virtual, hoje ganhou espaço e é utilizado por vários usuários que buscam informações sobre diversos temas. E tem de tudo! Blogs de viagem (como o Jeguiando, claro!), de tecnologia, cinema, literatura, moda, humor, quadrinhos, política, história, religião, marketing, culinária, sexo, saúde, etc. Tem blog de tudo que é jeito e para todos os gostos!

O que mais me fascina no trabalho com a ferramenta é a facilidade de compartilhar informações, ideias e experiências e se conectar com pessoas de várias partes do país e do mundo. Gosto do despojamento, da independência, da liberdade de escrever no meu ritmo, sem cobranças e sem que podem minha criatividade. No blog, consigo me despir de tudo, compartilhar histórias que vivi, lugares que conheci, sabores que provei, imagens que vi. Esta liberdade, no entanto, envolve também responsabilidade. Não a responsabilidade disfarçada da piada do “politicamente correto”, mas a responsabilidade de entender os limites do outro e de nunca desrespeitar aqueles que me visitam. Isso inclui sempre cuidar para que as informações não sejam rasas, sem base. A minha base é a experiência e se eu não meto minha mão em cumbuca, não quero que os leitores também o façam. Nada mais reconfortante que os laços de confiança que são construídos ao longo do tempo.

Ainda em 2008, quando o Jeguiando venceu o Best Blogs Brazil daquele ano, na categoria turismo e por voto popular, aquilo que era um hobby passou a também se tornar um trabalho, quando empresas passaram a acreditar no espaço para veicular seus produtos. Hoje, inclusive, as mídias sociais começam, no Brasil, a ganhar espaço e ter seu poder de alcance reconhecido.

Investimento e parcerias são importantes para a manutenção dos blogs. Hoje, muitos blogueiros, inclusive, despediram seus patrões e estão se dedicando cada vez mais à manutenção e profissionalização do espaço, o que gera mais posts e, consequentemente, maior riqueza de informações. E não há nada que realize mais um ser humano que trabalhar com o que gosta e ainda ter sustentabilidade para viver dignamente. Ainda não cheguei lá, mas trabalho seriamente para que isso aconteça!

Por outro lado, muitos se posicionam contra a transformação do blog em um trabalho remunerado, porque acreditam que isto certamente influencia na liberdade de expressão do blogueiro. Uma das medidas que sempre utilizo em meu blog, quando sou contratada para escrever um publieditorial, é sinalizar que aquele post é material publicitário, que se encaixa na temática do espaço e que por isso está sendo veiculado. Outro ponto ético que sempre primei foi o de pesquisar sobre as empresas contratantes, porque, acima de tudo, o nome que se constrói é sempre mais importante do que um negócio a ser fechado. Não há, hoje, como não ver o blog também como um trabalho, mas assim como os profissionais em geral zelam por seus nomes, os blogueiros, como profissionais que também são, precisam agir com responsabilidade, para depois não pagarem com o descrédito de seus leitores.

A mentalidade em relação aos blogs também precisa mudar. Muitos sites de empresas e até pessoas físicas utilizam o conteúdo dos blogs sem creditar o autor e fica por isso mesmo. Há pouco tempo atrás, publiquei um post sobre um blog, que representava uma empresa de Morro de São Paulo, na Bahia, que se apropriava de textos na íntegra de blogueiros de viagem como se fossem de sua autoria. Algumas pessoas ainda não compreenderam que o fato de um material está disponível na internet não significa que este material não tenha um autor por trás, que precisa ser creditado e acreditado e respeitado deve ser o profissional que o produz. Os posts não são epifanias. São fruto de trabalho: de pesquisa, de tempo gasto, de edição. Quando ele fica pronto, talvez depois de horas, muitas pessoas acreditam que é só pegar. Os usuários precisam entender a dinâmica da internet e compreender, a partir de então, a dinâmica também de quem trabalha de forma independente neste espaço. É uma questão ética, que sempre dá pano para manga no fim das contas.

Para quem trabalha de forma séria com blogs, estes pontos que toquei são apenas alguns, dentro da pluralidade de questões que envolvem o ser blogueiro. Blog para mim é liberdade, criatividade, trabalho, troca e realização. Já enfrentei diversas vezes o descrédito quando disse que trabalhava com blogs. “Ah, mas quem trabalha com blogs não trabalha!”. Ah, não só trabalha, como se dedica ao que faz, porque é algo que não faz por obrigação, mas por paixão e crença. E antes que alguém acredite no que faço, o mais importante é acreditar antes de todo mundo. É fazer, diariamente, o trabalho de formiguinha, que não recua diante dos obstáculos, que segue em frente e que depois vislumbra, ao longe, o fruto do seu esforço.

Janaína Calaça.

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