Viajar: por dentro do país ou para fora?


Não importa para onde viajamos, o importante é o deslocamento e a experiência que colhemos neste processo. Sim, realmente acredito nesta afirmação. Há pessoas que preferem viajar para fora, porque sentem apenas a experiência do deslocamento na diferença da língua. Há quem diga que viajar por dentro de seu país é como estar em uma casa e só mudar de cômodo. Não concordo. Apesar da aparente unidade linguística e cultural, é complicado acreditar que em um país como o Brasil, com um território tão vasto, exista realmente esta unidade. Por mais semelhanças e traços identitários que existam, viajar pelo Brasil é ainda uma experiência de deslocamento interessante e válida. Há sempre algo a descobrir.

Preferia estar em Olinda. Imagem: Janaína Calaça.

A questão que intitula o post é sempre levantada quando alguém começa a planejar uma viagem. Para onde ir? O que é mais proveitoso? Escolho um destino nacional ou um destino internacional? Volto a dizer que qualquer experiência em termos de viagem é proveitosa, contanto que estejamos abertos para isso. Há sempre o fetiche de que viajar para fora é mais interessante, mas buscar destinos nacionais é ter a oportunidade não só de conhecer mais a fundo o país onde vivemos, assim como contribuir com o aquecimento da economia da cidade a ser visitada e do próprio país consequentemente.

Tenho observado, como já pontuei no blog, que no metrô de São Paulo está sendo veiculada uma campanha, que visa aquecer o turismo interno. O “preferia estar” completo com a imagem de uma cidade brasileira atiça a curiosidade de um possível viajante, mas na hora de buscar por preços de passagens e hospedagem, a realidade nem sempre entra em sintonia com a proposta de aquecimento do turismo nacional. Outro dia estava conversando com Fábio sobre para onde viajar no próximo feriado. Ele estava buscando um destino para viajar com a namorada e acabou descobrindo que está mais barato, por exemplo, viajar para o Peru do que viajar pelo Brasil. Como incentivamos então o turismo interno se não há movimentação para que este projeto saia da campanha e ganhe relevância?

Preferia estar em Porto Alegre. Imagem: Fábio Brito.

As passagens para destinos nacionais em época de feriadão disparam. Hospedagem no Brasil nem sempre cabe sem aperto no bolso, mas o “preferia estar” continua povoando o imaginário dos passageiros do metrô, sem que haja, efetivamente, um movimento mais intenso de viabilização do aquecimento do turismo nacional. Assim, o “preferia estar” em Salvador, no Rio, em Recife, em Natal, em Curitiba, acaba virando o “prefiro estar” onde meu orçamento consiga dar conta das despesas e, quando o viajante se depara com preços mais convidativos em relação a destinos internacionais, o dinheiro gasto dentro do território nacional acaba por ser empregado lá fora. Difícil aquecer o turismo interno deste jeito!

Hoje, eu “preferia estar” no Maranhão, mas pagar mais de R$ 1200,00 (ida e volta), podendo viajar por R$ 500,00 para um destino na América do Sul, deixa o viajante sem grande alternativas. Continuo desejando fortemente conhecer cidades brasileiras, principalmente as do Nordeste, por me atraírem tanto, mas por enquanto o “preferia estar” vira “prefiro viajar para onde posso pagar”.

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