São Paulo é sem dúvida uma caixinha (gigante no caso) de surpresas. Em Fevereiro de 2012, publicamos um post com tom passional e saudosista falando sobre as barbearias antigas de São Paulo. Desde então, esse tema continua recorrente em nosso dia a dia – sempre que a Jana e eu avistamos alguma barbearia antiga, arrumo um jeitinho de parar e observar a dinâmica da “casa”. Caso identifique algo interessante, arrisco-me a ocupar a cadeira de barbeiro e entregar minha aparência às mãos dos profissionais da casa.
Sempre tive o hábito de caminhar pelas ruas realmente observando os arredores e tentando achar algo que agrade aos olhos. Numa dessas andanças pela região da Praça da Sé no Centro de São Paulo, segui descendo pela rua Benjamim Constant sentido Largo São Francisco, até que, ao cruzar a rua Senador Paulo Egídio, me deparei com um objeto rotatório, reluzente e recorrente no imaginário de barbearias americanas. Quem não se recorda da cena de um poste giratório em frente a uma barbearia em um filme de época americano? Já imaginei um hotrod ou uma Indian Chief 1950 parados na porta. Pronto, minha atenção acabara de ganhar um foco e para lá segui.
Ao me aproximar, vejo na vidraça a inscrição Barbearia 9 de Julho e, com o olhar atravessando a parede de vidro, vejo três cadeiras de barbeiro bastante antigas porém em bom estado. Foi o convite que faltava. Adentrei a loja e pude ter uma melhor visão do que me esperava. Em uma vitrola retrô, dessas de design antigão e feita de materiais modernos como plástico, rolava ‘Baby She’s Gone’ de Jack Scott.
Ao redor, itens de época como um mancebo com roupas penduradas, um telefone de disco (sim, tenho certeza que uma criança de hoje em dia demoraria alguns minutos até entender como ligar para alguém) e finalmente os cavalheiros que fazem a roda girar – os barbeiros. Com seus irretocáveis cabelos de época, os profissionais da casa só distoam do estilo anos 1950 da casa pela idade (entre 20 e 40 aproximadamente).
Toda a inspiração da Barbearia 9 de Julho é evidentemente do meio do século passado, o que a torna um ponto turístico por si só. Durante a execução do corte solicitado – “…um flat top bem baixo por favor…” –, pude ver vários olhos curiosos do lado de fora do salão, ora trocando comentários, ora parando apenas para admirar o trabalho dos barbeiros.
O clima da casa é bastante acolhedor. É um clube de cavalheiros, onde o papo rola solto sem censuras ou frescuras. Durante minhas repetidas visitas à barbearia, pude perceber a vasta gama de fregueses cativos e recorrentes. É interessante poder presenciar a quantidade de clientes atendidos e satisfeitos, onde, em um dia normal de trabalho, você pode observar desde o gordo blogger viajante que vos escreve até executivos em seus ternos – sem esquecer, é claro, de passar pelos exigentes entusiastas do visual e cultura rockabilly, que ostentam seus invejáveis topetes e cabelos muito bem cortados pelos funcionários da casa.
Para os entusiastas da barbearia e dos anos 50, o local ainda disponibiliza souvenires como camisas devidamente identificadas com a marca da 9 de Julho e goma para cabelos, item este indispensável para alguns tipos de penteados utilizados pelos frequentadores da barbearia. Apesar de não ser em essência um ponto turístico em São Paulo, ainda assim vale a pena dar uma passada por lá, pois a 9 de Julho traduz um pouco a identidade da cidade – uma metrópole onde é possível encontrar um pouco de tudo, não só de culturas distintas e diversas, mas de outras épocas também.
- Outras informações:
– Localização: Rua Senador Paulo Egídio, 63 Lgo. São Francisco – Centro (e seus outros 4 endereços)
– Site oficial: http://www.barbearia9.com.br
- Twitter do Jeguiando: http://twitter.com/jeguiando
- Twitter do Erik Pzado: http://twitter.com/pzado
- Twitter da Janaína Calaça: http://twitter.com/jana_calaca
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[…] Caso esteja em São Paulo e queira conhecer uma alternativa moderna, com estilo retrô e bastante interessante, vale ainda uma visita ao post sobre a Barbearia 9 de Julho. […]
Sou uma apaixonada por antiguidades e por lugares preservados ou que remetam a uma volta no tempo. Não sabia da existência desse empreendimento e o achei belíssimo. Em Porto Alegre temos uma pequena barbearia preservada, sendo que os netos resolveram readequar o espaço e o dividiram com um bistrô, com vista para o interior do antigo estabelecimento. Ficou lindo. No Porto (pt) me hospedei num pequeno hotel, mas minha paixão por ele decorreu exatamente dos objetos que se encontravam em exposição ou disponíveis para o uso pelos hóspedes, um charme´!! Abraços…
Paula
Paula, aqui você acha várias relíquias nesse sentido. Tanto a Barbearia 9 de Julho, toda retrô, quanto essas outras pérolas visitadas e relatadas aqui ó => http://jeguiando.com/2012/02/19/barbearias-antigas-de-sao-paulo/