Caminito – Buenos Aires


Já visitamos a Argentina durante dois anos seguidos: entre 2007/2008 e 2008/ 2009 e digo, tranquilamente, que foi uma de nossas viagens mais divertidas até agora. Viajamos basicamente para duas cidades argentinas: Buenos Aires e Rosário e vamos tentar passar, através dos posts, a sensação gostosa que é a de visitar estas duas cidades. Começaremos por Buenos Aires, por ser um ponto de grande visitação e que, a cada ano, atrai mais e mais turistas. Na primeira vez que viajamos para Buenos Aires, passamos apenas 4 dias (fomos passar a virada de ano), o suficiente para querer retornar à cidade e em nosso retorno, passamos 20 dias. Nossa escolha por uma estadia mais longa teve haver com o fato de que queríamos, além de passar as festas nesta cidade que tanto gostamos e respeitamos, conhecer um pouco mais de Buenos Aires em seus dias comuns, em sua correria, em sua dinâmica própria e foi uma experiência gratificante. Convidamos, então, vocês a conhecerem em cada post um pouco mais deste lugar que tanto nos chamou a atenção.

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Caminito. La Boca. Imagem: Janaína Calaça.

Para iniciar a nossa série de posts sobre a capital argentina, escolhi falar de um dos meus lugares preferidos da cidade: o Caminito. Desde nossa primeira visita, que este cantinho me arrebatou por razões simples: o Caminito é uma explosão de cores embalado por tango. Tudo bem que o tango é parte do marketing do lugar, mas mesmo assim, turista como sou, acabo entrando no ritmo e me deliciando ao ver dançarinos se equilibrando nas ruas e dando vida a esta dança de avanços e récuos.

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Casarões coloridos. Caminito. Imagem: Janaína Calaça.

O Caminito está localizado no bairro de La Boca, o mesmo bairro onde também está localizada a Bombonera, estádio do Boca Juniors, time argentino, onde Diego Maradona jogou por anos! La Boca, historicamente, é conhecida por estar ligada à primeira fundação da cidade de Buenos Aires, que data de 1536. O bairro, antigamente, funcionava como porto, mas hoje está desativado e as águas completamente poluídas e impróprias para atividades como banho e pesca. La Boca atraiu, por se tratar de um porto, a entrada de vários imigrantes italianos, que, chegando à cidade à procura de trabalho, iam se aglutinando no bairro e construindo suas casas com o material que encontravam, como restos de madeira e chapas de metal. As casas eram então pintadas também com restos de tinta, utilizadas para pintar os navios. Não é à toa que as casas têm essa multiplicidade de cores. Longe de ser uma proposta estética, o colorido indica o caminho encontrado para utilizar os restos de tinta.

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Casarão colorido. Caminito. Imagem: Janaína Calaça.

La Boca, durante muitos anos, foi conhecida por abrigar a fatia pobre e marginalizada de Buenos Aires. Habitada por imigrantes e prostitutas, foi lá que (dizem) o tango surgiu. Inicialmente o tango era dançado por homens e aos poucos foi dançado também pelas prostitutas, o que transforma esta dança, durante anos, proibida para a alta sociedade, que a considerava sensual demais para ser apresentada em público. O tango, no entanto, foi resignificado e hoje é apresentado em casas de tango frequentados pela alta sociedade, que paga 200 dólares para assistir as apresentações. Ironias à parte, não pagamos 200 dólares, nem pagaríamos, porque pelas ruas de Buenos Aires, dançarinos com suas meias rotas e seus vestidos puídos, resgatam as origens da dança e é isso que procuramos encontrar.

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Estátuas. Carlos Gardel. Caminito. Imagem: Janaína Calaça.

O Caminito, anos mais tarde, foi revitalizado e transformado em Museu a céu aberto. Os casebres, que antes funcionavam como moradia, hoje fazem parte da memória da cidade e foram ocupadas por restaurantes, bares e lojas de souvenirs. O lugar também reúne uma série de obras de artistas argentinos, como Benito Quinquela.

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Jegueton e Fábio. Caminito. Imagem: Janaína Calaça.

Para quem gosta de artesanato e arte em geral, o Caminito é um bom lugar para levar um pouco de Buenos Aires na mala. Pelas ruas, o viajante encontra facilmente peças em barro e telas de artistas locais, a preços que valem mais a pena do que em lojas de souvenirs, localizadas na Rua Florida, por exemplo. Se você ainda tiver uma boa dose de cara-de-pau, ainda dá pra negociar bons preços, mas seja insistente, porque os argentinos não curtem muito fazer pechincha!!!

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Jegueton pulando de alegria no Caminito. Imagem: Fábio Brito.

Para sentar e relaxar, o Caminito conta com uma estrutura interessante de bares, restaurantes e cafés. No próximo post falaremos especificamente de um café muito interessante, que tivemos a oportunidade de conhecer. No mais, o único ponto que talvez me irrite um pouco é o fato de que muitos comerciantes estão agora tentando faturar mais um dinheiro com as esculturas que compõem o Caminito. Em nossa primeira visita à cidade, fotos com as esculturas não eram cobradas e agora, “sutilmente”, foram instalados cofrinhos onde você deve, até então, depositar, “compulsoriamente”, dois pesos.

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Cais. Riachuelo. Caminito. Imagem: Janaína Calaça.

Apesar do inconveniente da cobrança de algumas fotos, ainda assim o Caminito é um lugar que deve ser visitado por sua beleza, por sua atmosfera singular, pelas canções que pontuam os passeios e principalmente por ser parte da memória histórica de Buenos Aires. Em visita a Buenos Aires, passem lá. Valerá cada caminhada e cada fotografia tirada e guardada!

Observações importantes: Por ser uma viagem internacional, é aconselhável fazer um seguro de viagem. Viajou para longe de casa, não deixe de fazer um seguro!


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