Caros jeguiantes, há lugares no mundo aos quais sempre queremos voltar. Os motivos são múltiplos, mas o certo é que há cidades que nos despertam a sensação de que é preciso retornar, porque, de algum jeito, ficamos ligados a elas. Quem nos conhece sabe o quanto somos grandes entusiastas de Bonito (Mato Grosso do Sul) e o quanto o destino desperta o melhor que há em nós. Em Bonito, nos sentimos mais leves, mais conectados à vida, mais humanos. Os diversos momentos em que imergimos na natureza, seja no caminhar ritmado nas trilhas através das matas, na proximidade com os animais ou no mergulho nas águas de rios e cachoeiras, são momentos únicos de reconexão. Através das múltiplas experiências a que somos expostos, o distanciamento entre homem e natureza acaba, aos poucos, sendo suspenso. A correria cotidiana fica para trás. O concreto, os grandes prédios, o barulho dos automóveis estancam. Só resta você, a natureza que te cerca em toda sua exuberância e a sensação de que você é parte daquele grandioso todo.

  • Recanto Ecológico Rio da Prata: um lugar para sempre retornar
Jana Calaça e Erik Pzado de volta ao Rio da Prata, Jardim, MS.

Jana Calaça e Erik Pzado de volta ao Rio da Prata, Jardim, MS.

Erik Pzado no Olho D'Água. Recanto Ecológico Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

Erik Pzado no Olho D'Água. Recanto Ecológico Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

Em novembro de 2010, Erik e eu tivemos a oportunidade de visitar Bonito pela primeira vez e aquela viagem nos marcou a ponto de dizermos um para o outro: “Precisamos muito voltar para aquela terra, seja ano que vem, ou daqui a uns anos, precisamos voltar”. Em 2011, a Maria Laura Junqueira, do Bonito Hostel, e a Carina Freitas, do Bonito Web, ouviram nossas preces e eis que, em pouco tempo, já estávamos de malas prontas para por novamente nossos pés na cidade. Neste retorno, tivemos a oportunidade de conhecer outras paragens e viver novas experiências, como, por exemplo, fazer a incrível trilha da Boca da Onça ou as primeiras flutuações na Lagoa Misteriosa, depois de receber seu alvará de funcionamento. Além de termos a oportunidade de conhecer novos destinos, fizemos também um gostoso caminho de revisitação a lugares que nos marcaram e de que gostamos muito, como, por exemplo, retornar à Estância Mimosa (em outra época do ano e constatar as mudanças na vegetação e nas próprias cachoeiras) ou retornar ao inesquecível e profundamente cristalino Rio da Prata.

Prontos para a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS.

Prontos para a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS.

As águas cristalinas do Rio da Prata ficam ainda mais cristalinas no inverno. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

As águas cristalinas do Rio da Prata ficam ainda mais cristalinas no inverno. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Localizado no município de Jardim, a cerca de 51 km de Bonito, o Recanto Ecológico Rio da Prata é um daqueles lugares que não podem ficar de fora de um roteiro básico para quem viaja para Bonito e cercanias. Além de contar com um receptivo organizado e bem estruturado (vocês podem ver os detalhes no post que escrevemos sobre o Rio da Prata em 2010), o local conta com uma equipe preparada para atender aos turistas, além de trilhas seguras, sinalizadas, com pontos de apoio (contando com kits de primeiros socorros), equipamento bem conservado e higienizado (neoprene, botas de neoprene e kit para snorkeling), além da presença obrigatória e mais do que necessária dos guias. Nosso passeio tem início na sede do Recanto Ecológico Rio da Prata. Lá, os grupos recebem todas as instruções para a trilha e flutuação e recebem todo o equipamento necessário para o passeio (o equipamento já está incluso no valor pago pelo passeio).

As águas cristalinas do Rio da Prata ficam ainda mais cristalinas no inverno. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

As águas cristalinas do Rio da Prata ficam ainda mais cristalinas no inverno. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Flutuação no Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Flutuação no Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Depois de recebermos as instruções e de estarmos devidamente paramentados, uma caminhonete nos leva para o início da trilha de 2 km pela mata. Todos os passeios têm hora certa para começar e são cronometrados, tudo isso para que os grupos não se misturem e tudo acabe virando uma zona! Com grupos pequenos, as pessoas têm a possibilidade de aproveitar melhor os passeios, devido à menor quantidade de sedimentos levantados com a passagem dos visitantes e com a menor intensidade de ruídos, o que favorece a observação de animais. Quanto mais barulho, menos animais você irá ver!

Erik Pzado durante a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

Erik Pzado durante a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

As águas cristalinas do Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

As águas cristalinas do Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Depois de 2 km de trilha pela mata (sem repelente de mosquito e sem protetor solar – o uso é proibido para não contaminar as águas do Prata), finalmente chegamos ao Olho D´Água, onde as águas são agradáveis (sua temperatura encontra-se por volta de 24ºC) e profundamente cristalinas. A flutuação no Rio da Prata divide-se em dois momentos: flutuação no Olho D´Água (de águas mais claras e quentes) e flutuação no Rio da Prata (águas mais frias, profundas e turvas). Antes de partir para o passeio em si, o guia faz um trabalho de ambientação dos visitantes no início da trajetória. Já ambientados, os visitantes partem para a flutuação em fila indiana, com instruções para não pisar o fundo do rio ou bater as pernas: tudo isso levanta sedimentos e prejudica a visibilidade de quem está logo atrás de você.

As águas cristalinas do Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

As águas cristalinas do Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Erik Pzado durante a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

Erik Pzado durante a flutuação no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Janaína Calaça

A leve correnteza ajuda a nos dar impulso para frente, o que torna o passeio ainda mais agradável. O esforço físico está em se manter longe das margens e desviar dos troncos submersos. O resto é contemplação. As águas cristalinas e os grandes cardumes de Dourado, Pacus e Piraputangas são parte do mesmo espetáculo: um espetáculo da vida em movimento e em cores exuberantes.

Cardumes de Dourados, Piraputangas e Pacus marcam presença na flutuação do Rio da Prata. Imagem: Erik Pzado

Cardumes de Dourados, Piraputangas e Pacus marcam presença na flutuação do Rio da Prata. Imagem: Erik Pzado

Dourado. Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Dourado. Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

A flutuação no Rio da Prata é um daqueles momentos de que falei no início deste relato. Quando imergimos nossos rostos nas águas e nos deixamos flutuar, a sensação que nos toma é de fazermos parte daquela imensidão cristalina. No silêncio das águas, na aproximação dos peixes, que, curiosos, nos rondam, no leve balançar da vegetação, somos também parte daquela dança sem canção audível, mas que se faz sentir em cada movimento.

Tranquilidade. Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Tranquilidade. Rio da Prata, Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Zarolha no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Zarolha no Rio da Prata. Jardim, MS. Imagem: Erik Pzado

Acolhidos pelo abraço quente do Olho D´Água, de repente somos acordados com o fato de que o fim do passeio se aproxima. As águas frias e profundas do Rio da Prata nos despertam, literalmente, para o desfecho do percurso. Neste ponto, em que os dois rios se encontram, você pode optar por fazer os últimos trechos de barco ou continuar a flutuação. Como em 2010, havíamos feito a flutuação completa e o André Turatti, nosso guia, sugeriu que víssemos o rio em outra perspectiva, acabamos acompanhando o grupo e terminando o passeio na embarcação.

André Turatti, nosso guia e fotógrafo, fazendo careta para assustar o povo no Prata. Imagem: Erik Pzado

André Turatti, nosso guia e fotógrafo, fazendo careta para assustar o povo no Prata. Imagem: Erik Pzado

Embarcação de apoio aguarda os visitantes no encontro dos rios Olho D'Água e Prata. Imagem: Erik Pzado

Embarcação de apoio aguarda os visitantes no encontro dos rios Olho D'Água e Prata. Imagem: Erik Pzado

No fim do passeio, nossas roupas e calçados já nos esperam no último deck. Lá, o equipamento que utilizamos na flutuação (neoprene, botas de neoprene e kit para snorkeling) é devolvido para posterior higienização. A caminhonete então nos conduz de volta à sede do Recanto Ecológico Rio da Prata, onde um almoço com sabores de fazenda nos aguarda! O passeio, no fim das contas, pode durar até um dia inteiro. Depois do almoço, você ainda poderá descansar nos redários, passear pela propriedade ou visitar a lojinha da sede e levar uma lembrancinha para casa, amigos ou familiares. O certo é que o passeio é imperdível e flutuar nas águas cristalinas do Prata é e sempre será uma experiência ímpar, seja na primeira vez ou em uma revisitação. Este é um lugar a que sempre terei vontade de retornar. 😉

  • Outras informações:

– Localização: Jardim. BR 267, Mato Grosso do Sul, Brasil.

– Site oficial do passeio: Recanto Ecológico Rio da Prata

– Nosso guia neste passeio: André Turatti

  • Sobre a fam trip a Bonito:

– Agradecimento especial aos nossos anfitriões: Bonito Web (especialmente a Carina Freitas) e Bonito Hostel (Seu Luiz Octávio, Maria Laura Junqueira e a toda a equipe que nos acompanhou durante nossos dias de estadia).

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8 Comentários

  1. Oi Janaína,

    Não conhecia o Rio da Prata…parece encantador o passeio.

    Outro lugar muito bom para fazer flutuação, é Nobres – MT.

    Abraços

    • Oi, Guilherme! Td bem? 🙂

      o Rio da Prata é, sem dúvidas, um dos meus cantinhos preferidos em Bonito e que, como disse, merece constar em qualquer roteiro: do mais básico ao mais completo quando se trata de uma viagem a Bonito e cercanias.

      Beijão,

      Jana.

  2. […] bem, meus caros jeguiantes, por alguma razão, no dia em que fizemos a flutuação no Rio da Prata, conhecemos o André Turatti, que na ocasião seria nosso guia. o André é um gaúcho figura, que […]

  3. Muitos diriam que eu sou suspeita para falar….mas quer saber?
    Já fiz o rio da prata milhões de vezes e sem dúvidas não há coisa igual….

    eu amo o rio da prata e vou bater meu record pessoal em setembro, qdo vou de novo…

    Adorei a foto do andre, gente esse guri é uma peça!

    Jana…suas palavras são lindas!

    • Laurita, minha nêga, me considero um ser humano privilegiado, pois tive a oportunidade de, em menos de um ano, fazer a flutuação no Prata duas vezes e você e a Carina são as grandes responsáveis por essa oportunidade.

      Quem nos conhece sabe o quanto abraçamos Bonito e como estamos engajados na tarefa de divulgar esse destino, que é tão bacana e que está no Brasil. Não é preciso viajar para tão longe para encontrar um lugar de tamanha beleza e é isso que tentamos passar em nossos relatos! 🙂

      Beijão, minha nêga!

      Jana.

  4. Jana,

    Estupidamente lindas as fotos desse post! Não tem como não sentir o frescor da água, não tem como não “mergulhar” junto na experiência…

    Só tive poucas experiências de mergulho como esta.. e em todas, fiquei com a sensação de que mergulhar é a experiência mais próxima de meditação que existe… É deixar a água te levar, é fluir com o rio, é admirar um espetáculo maravilhoso de cores e movimento à sua frente, sem pressa, sem movimentos bruscos, e tudo isso em silêncio – porque se você falar, perde o fluxo e a beleza da coisa…

    Foi mais ou menos isso que me lembrou as suas fotos! E acho que descrever a viagem em um post como esse tem esses dois lados: a divulgação do destino em si (que é necessária, já que Bonito é imperdível e as pessoas tem que conhecer o paraíso que a gente tem, logo ali!) e a experiência e o seu repensar e interpretar inerente e quase sempre, extremamente pessoal do que a viagem traz para a vida e sobre a vida…

    (ui… profundo demais, né? Mas adorei o post, e viajei – de verdade – nele!).

    Parabéns!

  5. Oi Janaína,primeiro parabéns pelo blog. Adorei a forma como você escreve, é tão gostosa, que acho que vou ficar o resto do meu dia só passeando por aqui. Embarco para Bonito em fevereiro e pesquisando vi que é época de Piracema (de 01 novembro à 28 de fevereiro). Bateu uma tristeza, pois os peixes migram para o pantanal. Agora vi que você viajou em novembro e ao que parece deu tudo certo, né? Você acha que também vamos encontrar peixes ou essas fotos que você mostrou são de um período que tem mais peixes? Estou aflita…

    Abraços!

    • Oi, Roberta! Tudo bem?

      Roberta, primeiramente, gostaria de agradecer o feedback tão positivo! =D Fiquei realmente muito feliz em saber que nossos textos sobre Bonito estão te ajudando de alguma forma a planejar sua viagem. =)

      Rô, eu estive em Bonito em dois momentos: julho e novembro e em ambas as épocas vi muitos (muitos) peixes. Se é época da piracema, então não sei dizer se você verá tantos como vimos, mas, como disse, nesses dois momentos do ano vi vários cardumes e foi uma experiência fantástica nadar entre eles. =DDD

      Um grande abraço,

      Jana. =DDDDDDDD


 

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